Vaticano autoriza pela primeira vez que casais do mesmo sexo recebam bençãos não litúrgicas

O Vaticano emitiu um documento oficial autorizando a bênção de casais do mesmo sexo e de casais em "situações irregulares" para a Igreja Católica. A bênção pode ser realizada por ministros ordenados, como diáconos, presbíteros e bispos, mas deve ocorrer fora de qualquer rito ou imitação do matrimônio religioso. A oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo é mantida.

O documento especifica que a bênção não pode ocorrer simultaneamente com ritos civis de união e não deve ter semelhanças com o matrimônio religioso em termos de vestimentas, gestos ou palavras. Pode acontecer em locais como santuários, encontros com sacerdotes, orações em grupos ou peregrinações.

Essa decisão representa a primeira vez que a Igreja Católica claramente abre caminho para a bênção de casais do mesmo sexo, apesar das tensões internas, especialmente com a oposição da ala conservadora. A declaração ocorre seis semanas após o Sínodo sobre o Futuro da Igreja Católica, que discutiu questões sociais, incluindo a aceitação de pessoas LGBTQIA+ e divorciados que se casaram novamente.

Em 2021, o Vaticano havia anunciado que padres não poderiam abençoar uniões entre pessoas do mesmo sexo. O novo documento representa uma mudança nessa posição, permitindo bênçãos, mas de forma distinta do matrimônio religioso. O Papa Francisco, em declarações anteriores, endossou a proteção legal a uniões homoafetivas, embora a posição oficial da Igreja ainda seja contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O Papa já considerou injusta a criminalização da homossexualidade e afirmou que ser homossexual não é um crime, mas um pecado. Ele também enfatizou a importância de receber a comunidade LGBTQIA+ na Igreja e defendeu que a discriminação é injusta. Essa mudança na postura da Igreja é vista como um passo em direção à aceitação e inclusão de casais do mesmo sexo, embora mantendo a distinção do matrimônio religioso.