No Paraná, "diarista" contratada para faxina revela verdadeira intenção ao furtar joias e outros bens nas casas.

Por Jornal Cianoticias em 27/09/2023 às 16:35:15
Foto: Reprodução/ Facebook

Foto: Reprodução/ Facebook

A Polícia Civil do Paraná (PCPR) prendeu na última segunda-feira (25 de setembro), em Curitiba, uma mulher acusada de furtar diversas residências da Capital. Segundo relatos de vítimas ouvidas pela reportagem, a suspeita dizia ser diarista e oferecia seus serviços através de grupos em redes sociais. Quando contratada, ao invés de fazer faxina na casa fazia era a limpa da casa, permanecendo no imóvel apenas o tempo suficiente para encontrar e furtar bens de alto valor, principalmente joias.

Até o momento, oito vítimas da "diarista-ladra" já apareceram e pelo menos seis dessas pessoas registraram boletim de ocorrência. Os números, no entanto, estão crescendo: o primeiro furto que se tem conhecimento ocorreu em janeiro de 2022, mas muitos dos casos descobertos só vieram à tona após a prisão da suspeita – como a diarista sabia onde as vítimas moravam e grande parte dessas vítimas eram mulheres, muitas pessoas podem não registraram antes o boletim de ocorrência por medo.

Esse foi o caso, por exemplo, de uma moradora do bairro Santa Quitéria, que foi vítima da diarista em maio deste ano. Ela conta que partica em diversos grupos do bairro em que vive no Facebook e estava procurando uma mensalista para trabalhar em sua casa. Foi quando viu diversas publicações da suspeita e resolveu chamar ela para fazer um teste.

"Foi numa terça-feira, seria para ficar meio período. Ela já chegou se sentindo próxima, como uma pessoa boa, de confiança, mostrando foto da filha e tudo o mais. Depois foi fazer o trabalho dela e pediu querosene para limpar os vidros. Eu fui e voltei em dez minutos. E logo depois, menos de uma hora depois, ela disse que a filha estava doente, teria que ir embora, mas que no dia seguinte voltaria", relata.

No outro dia pela manhã, essa mulher teria uma reunião importante e foi pegar uma de suas joias para vestir. Os objetos, avaliados em R$ 20 mil, haviam sido dados a ela por sua avó, que tem Alzheimer e na época da ocorrência estava internada. "Quando fui pegar esse conjunto de joias, vi que não estava lá. Aí veio a angústia, o frio na barriga, o coração palpitando. Eram joias de muito valor sentimental."

Foi quando a mulher descobriu que havia sido furtada. Pouco tempo depois ela chegou a ir até uma delegacia, mas na ocasião decidiu não registrar um boletim de ocorrência. "Não fiz o BO por medo de retaliação, ela sabia onde eu moro. Resolvi não fazer e eu sabia que as joias provavelmente já tinham sido vendidas", conta ela.

"Tuas joias já viraram cerveja"

Outra mulher que conversou com a reportagem foi vítima da diarista em julho. O modus operandi da suspeita foi o mesmo: após chegar na casa onde faria a faxina, ela falou que estava faltando material de limpeza e a dona da casa saiu para comprar os materiais requisitados.

"Ela sabia até onde era o mercado que eu ia, para saber quanto tempo teria para verificar o que tinha na casa. Não deu 10 minutos que entreguei o material de limpeza e ela entrou no meu quarto chorando, dizendo que o pai tinha infartado e iam levar ele pra Santa Casa. Ela sentou na beira da minha cama, eu falei para ela se acalmar, e pedi até o Uber para ela, paguei o Uber para ela ir até a Santa Casa."

Até ali, a mulher não havia sentido falta de nada e a diarista até chegou a mandar mensagem para ela, pedindo para voltar outro dia e terminar o serviço. A contratante consentiu e combinou uma data para retornar. Só que no dia seguinte sentiu falta de algo importante: sua aliança de casamento, uma joia exclusiva com diamantes, avaliado em R$ 18 mil.

Em princípio, porém, ela imagionou que teria perdido a aliança em sua própria casa. Foi quando resolveu fazer um mutirão no imóvel, com a ajuda de parentes, para encontrar a joia. Tudo isso no mesmo dia em que a diarista voltou para sua casa terminar o serviço que havia ficado pendente, coincidentemente.

"Minha prima me ajudou a procurar, separou todas as minhas joias de ouro e colocamos dentro de um porta-joias. Estávamos arrumando meu quarto, ela [diarista] lavando o banheiro em áreas comuns. Deu cinco minutos, minha prima foi fazer o almoço, ela ficou lavando o banheiro e eu desci para servir a comida. No que desci, ela pegou todas as joias, num total avaliado de R$ 40 a 48 mil", conta a segunda vítima.

Pouco tempo depois, a suspeita disse que iria sair para pegar a marmita e almoçar. "Eu disse que não precisava, que era para ela comer com a gente. Ela não quis, disse que o valor dela já incluía a marmita e que ia pegar algo ali perto, na esquina. Mas daí ela saiu com minha roupa, já tinha colocado as coisas dela para fora pra gente não estranhar. Quando passou uns 20 minutos e ela não tinha voltado, estranhei. Subi correndo e vi que ela tinha feito a limpa."

Após o ocorrido, a vítima chegou a conseguir o endereço da suspeita, que mora em Araucária, e foi até o local no dia seguinte. "Fui até lá, no Guajuvira, em Araucária. Encontrei ela na rua e ela estava com a minha bolsa, inclusive. Chamei a polícia e ficamos esperando por uns 40 minutos. Ela falou na minha cara que as joias já tinham virado cerveja e que estávamos atrapalhando, porque ela ia pro bar beber".

A mulher ainda conta que quando a Polícia Militar finalmente chegou para atender a ocorrência, informou que não poderia fazer nada, porque a mulher não tinha qualquer vídeo que comprovasse o furto da bolsa ou das joias. "Os policiais ainda disseram para ela que poderia denunciar a gente, porque não tínhamos prova do roubo. A polícia mesmo orientou ela a isso", desabafa a mulher, que assim como as outra vítimas ainda não conseguiu recuperar qualquer dos objetos furtados.

Mobilização para fazer a suspeita ficar presa até o julgamento

Após a prisão da suspeita na última segunda-feira, algumas das vítimas da "diarista-ladra" começaram a se mobilizar nas redes sociais em busca de mais pessoas que possam ter sido furtadas. Diversas publicações foram feitas em grupos nas redes sociais, então, relatando tudo o que estava acontecendo. E ao saber da prisão, mais pessoas começaram a se apresentar e tomar coragem para denunciar o golpe que haviam sofrido.

"Isso [a prisão] foi um propulsor para eu ter a coragem de fazer esse BO também", relata a moradora do Santa Quitéria. "Descobrimos que a suspeita tinha um BO de furto em Santa Catarina, já de algum tempo atrás, então imaginamos que existam muito mais vítimas. Queremos dar visibilidade ao caso para outras pessoas falarem, se encorajarem. Uma outra vítima demorou um ano e pouco, mas não desistiu e hoje essa mulher está presa. Isso é um incentivo para que a população avalie a possibilidade de fazer essas denúncias", destaca ela.

Fonte: Redação Bem Paraná

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