"Não sei quem entregou documento", diz Torres sobre minuta do golpe

Por Jornal Cianoticias em 08/08/2023 às 15:04:57
Bruno Spada/Câmara dos Deputados

Bruno Spada/Câmara dos Deputados

O documento com o passo a passo para um golpe de Estado no Brasil encontrado pela PolĂ­cia Federal (PF) na casa do ex-ministro da Justiça e ex-secretĂĄrio de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres foi um dos principais temas desta terça-feira (8) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.

"Em razão da sobrecarga de trabalho, eu normalmente levava a pasta de documentos para casa. Os documentos importantes eram despachados e retornavam ao ministério, sendo os demais descartados. Um desses documentos deixados para descarte foi o texto chamado de minuta do golpe", explicou Torres na CPMI.

Ele disse que o papel não foi para o lixo por mero descuido. "Não sei quem entregou esse documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido", afirmou.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), questionou a versão de Torres e citou documento do Ministério PĂșblico Federal, segundo o qual a minuta estava "muito bem guardada em uma pasta do governo federal, junto com outros itens de especial singularidade, como fotos de famĂ­lia e imagem religiosa". De acordo com Eliziane, a CPMI tem fotos que mostram que a minuta estava bem posicionada em um armĂĄrio. "Não é crĂ­vel, por exemplo, que seja um documento para descarte", acrescentou.

"Ele [documento] não estava guardado em um lugar privilegiado na minha casa, ele saiu da minha ĂĄrea de atuação ali no quarto e, por isso, ele não tinha sido descartado", rebateu Torres, afirmando que, provavelmente, alguém arrumou o quarto e mudou de lugar a chamada minuta do golpe.

O deputado federal Rafael Brito (MDB-AL) também questionou o depoente. Brito disse que a versão de Torres contradiz a perĂ­cia da PolĂ­cia Federal, que concluiu que só havia trĂȘs impressões digitais no documento: a de Torres, a do advogado dele e a do delegado que fez a apreensão da minuta.

"O senhor não pode ter recebido essa minuta, a não ser que a pessoa que lhe entregou a minuta estivesse usando luvas, o que leva a crer, nessa perĂ­cia da PolĂ­cia Federal, que o senhor imprimiu essa minuta e guardou essa minuta", argumentou o deputado.

Torres negou ter imprimido o texto e, com isso, Brito perguntou se a perĂ­cia da PF falhou ao não encontrar outra digital. "Eu não entendo de perĂ­cia digital, mas, enfim, eu não sei por que deveria ter encontrado [outra digital]", finalizou Torres.

Questionado novamente pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) por que havia somente trĂȘs digitais na minuta, Torres respondeu: "pelo que eu li, eu não tenho esse laudo, mas pelo que eu li, tem uma série de fragmentos [de digitais)]ainda não identificados".

Fonte: AgĂȘncia Brasil (EBC)

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